quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Precauções

Esta semana ouvi uma frase do jornalista Túlio Millman na Rádio Gaúcha de Porto Alegre com a qual concordo plenamente. Disse ele que as pessoas, assim como os computadores, deviam ser liberadas de exercer qualquer atividade fisíca acima de determinada temperatura.

E esse é o caso dos dias que estamos vivendo em Porto Alegre neste verão. Com temperaturas acima dos 33 graus e sensação térmica na faixa dos 40, não há a mínima condição de se exercer qualquer atividade fisíca, fora, talvez, dos ambientes com ar condicionado ou dentro de uma piscina.

No caso de Porto Alegre a explicação é simples: nossa cidade tem baixa altitude, situa-se ao nível do mar, é cercada por morros altos e ladeada por um grande rio, o Guaíba. Tudo isso faz com que a umidade do ar atinja altos índices, os quais, somados às temperaturas elevadas e a ausência de ventos, tornem o ar quase irrespirável nos verões.

Já é tradição que a maioria da população abandone a cidade nessa época. No verão Porto Alegre desertifica-se - tanto no sentido de abandono como atmosférico. Para os que ficam, não há a menor condição de se exercer qualquer atividade física mais intensa ao ar livre e, qualquer tentativa bem intencionada nesse sentido, logo se torna algo semelhante a estar em uma verdadeira sauna, fazendo com o "vivente" sue às bicas.

Existe algum sinônimo para "hibernar", no sentido de suspender as atividades corporais, no verão? Confesso que não sei, mas seja qual for o nome, é o mais recomendado para quem mora em Porto Alegre nessa época do ano aqui.

(Publicado originalmente no domrs.blogspot.com)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Lá vem vindo o verão

Estamos na primavera, final de outubro, e já sentimos na pele o que nos aguarda: o calor escaldante do nosso verão. Terra de contrastes, muitos que nunca estiveram não acreditam que faça tanto calor nessa terra.

Tenho uma briga doméstica: minha mulher detesta o inverno. Eu prefiro qualquer coisa que não seja o nosso verão. Nossos dias de verão são quentes e abafados. Os entendidos dizem que existe calor e quantidade de calor. Não entendo muito do assunto, mas posso dizer que prefiro 40 graus no Rio do que 30 aqui no portinho.

Nosso calor, como costumo dizer, é amazônico, um calor acompanhado de uma alta umidade do ar. Um calor denso pesado, cansativo. E o pior é que logo, logo, vai ficar pior...

Alguém me dá uma carona pros pólos?

domingo, 11 de janeiro de 2009

Comportamento Global

Engana-se quem costuma atribuir aos nossos conterrâneos um comportamento atrasado, tupiniquim, ou uma espécie de síndrome de dependência cultural. Os brasileiros desenvolveram um complexo de inferioridade diante do restante do mundo, achando que lá fora as coisas funcionam de maneira diferente - e melhor.

É preciso reconhecer que a grande massa da nossa população é culturalmente deficiente, mas isso funciona assim em todo o mundo, não somos uma exceção. Os países em que a maioria da população é capacitada e desenvolvida intelectualmente é que se compõem em honrosa minoria no cenário mundial.

Quando você analisa a nossa literatura e constata que muitas obras com alta vendagem não possuem conteúdo para merecer tal destaque, antes de criticar os nossos leitores, note que esses mesmos livros, quando traduzidos e vendidos no exterior também se tornam "best sellers".

A mesma coisa ocorre se você comprar literatura estrangeira baseado no sucesso editorial alcançado lá fora. Você já notou quanta porcaria é lançada no país com o selo de "best seller" estampado nas capas? Típico comportamente de massa e massa é massa em qualquer lugar do mundo. 

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Marchando...

Já estamos há poucas horas do encerramento de 2008 - vinte horas e meia para ser mais exato. Há muito deixei de fazer planos e promessas durante o ano novo. Mesmo que sonhar e ter esperança seja algo vital em nossas vidas, a vida em si é algo muito frágil, muito estável. É difícil prever o que vai acontecer conosco no próximo minuto, o quanto dirá durante um ano inteiro.

Quanto as promessas, ressalvando as sempre honrosas exceções, já está mais do que sabido que elas não duram nem as primeiras 24 horas do ano novo. Descobri que quem quer fazer não fica prometendo, planejando e postergando, simplesmente faz o que deve ser feito e pronto! Sem vou fazer mais exercício, ler mais, estudar, ou seja lá o que for. Faça!

Descobri isso já há uns quatro anos. Um belo dia resolvi parar de fumar. Não fiz promessa para nenhum santo, nem para ninguém, Sem remédios, sem promessas, sem choro de despedida. Sabem como eu consegui? Simples assim: parei. Decidi e pronto. O resto foi fácil, bastou manter a decisão tomada.


Por isso que eu só tenho um plano para 2009: Viver. Um feliz ano novo para todos!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Uma triste visão da cidade

Eu amo minha cidade. Nenhuma novidade ou exclusividade no fato, entendo que são muitos os porto alegrenses - e até mesmo alguns não citadinos - que gostam da cidade. Começo declarando esse meu amor incondicional pela cidade para que não restem dúvidas diante do que vou escrever sobre ela.

Dizem que o amor nos faz tolerar muitos defeitos da coisa amada, chegando mesmo a até mesmo nos cegar, a nos retirar nossa capacidade de ver objetivamente e a capacidade de julgar com isenção qualquer coisa (ou pessoa). Acredito, mas no meu caso tal mágica não ocorre, ao menos em relação à cidade.

Eu vejo uma cidade abatida, abandonada, desrespeitada, maltratada. Não é um quadro bonito de se ver. Ruas sujas, aspecto visual desleixado, poluição visual abundante, calçadas invadidas por vendedores ambulantes que impedem o trottoir do povo no centro da capital. Uma quase ausência de policiamento preventivo, um quadro de abandono.

Muito disso é característica das nossas grandes cidades, muito é fruto de descaso, de má administração municipal.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

As cidades do futuro

Nossas cidades não representam nem palidamente o modelo daquilo que seja o urbanismo ou a vida em comunidade no mundo da atualidade. Engana-se quem pensa que as nossas casas fortificadas sejamo uma tendência dominante em outros países. Não são, elas representam e espelham o quadro de descaso com que é tratada a segurança pública nesse país. Depois da chamada "constituição cidadã de 1988", a cidadania desapareceu.

E desapareceu diante do enfraquecimento do aparato policial e do fortalecimento dos direitos e garantias aos marginais. Igualmente sumiu todo o policiamento preventivo, hoje não se encontram mais viaturas e policiais executando o policiamento, aquilo que chamamos de ronda. Sem a presença da autoridade, o que inibiria o cometimento de vários crimes, resta aos moradores aumentarem a segurança das moradias.

O que se vê hoje em dia são verdadeiras casas forticadas, com a utilização de grades, muros, portões, câmeras de segurança, cercas eletrificadas, cães de guarda, alarmes e, para quando tudo isso falhar, a contratação de um bom seguro e muita oração ao anjo da guarda e ao santo da devoção. E não existe outro remédio.

O impressionante é constatar a rapidez com que a segurança na cidade se deteriorou. Ainda lembro da época em que mudei para a casa onde me encontro até os dias de hoje, foi em 1982. Na época, acreditem, não haviam sequer muros separando os lotes. E todos podiam tranquilamente permanecer em suas casas, ir e vir em total segurança. E hoje?

terça-feira, 30 de setembro de 2008

A cidade

A cidade amanheceu, bela. No som do sino na capela, no olhar atento do sentinela, no rosto do menino da flanela, no andar da moça, na requebradela, e até a senhora na janela, todos sorriram pois a vida é uma novela, e só é feliz quem se esquece das mazelas...